domingo, 30 de janeiro de 2011

let's try to not equivalizar nothing without anything
digo: coisa com coisa não podem ser a mesma coisa
apresentam-me um texto cansado de metáforas. eu penso! cansaço do universal princípio de pensar.
(calo o rigor o ruído mas não 
sempre a dizer pare pare pare
e o meu corpo todo dizendo SIM QUERO SIM EU QUERO 
o quê?
qualquer coisa 
que não é qualquer coisa

amanhã eu vou a são paulo. amanhã nessa hora estou em são paulo. no trânsito, muito provavelmente. nessa hora estarei tremendamente feliz de estar em são paulo, a cidad em que nasci, cresci e continuo a viver de longe.

é engraçado porque quando a gente pensa em voltar a um lugar a gente nunca volta. assim: criamos as nossas experiências particulares, individuais, numa cidade. mas uma cidade é tudo o que há de menos particular e individual possível! uma cidade é um múltiplo desordenado (sp) uma cidade é um lugar de estar e - - as palavras estão dizendo pouco, eu mesma estou dizendo pouco. vou viver então, viver a teoria das cidades não-particulares: vou ver os amigos a cidade deles o que ela fez deles com eles e deles pra mim. vá. beijo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

north country far

sobretudo a diferença de que não pode ser diferente. que lugar é esse? tão diferente do que eu já tinha me acostumado. e o mesmo, tão coerentes as coisas são. escrevi um belo parágrafo sobre a literatura. agora anoiteceu e tenho vontade de desaparecer. com o frio das coisas, todos os objetos tomados, eu nesse esquecimento também.

saí pra andar. o fim de semana me trouxe de volta à errância. tomando meu corpo. um novo Portugal que é o mesmo, voltei. e estou acostumada. olho as placas e já as reconheço. saí de Portugal era um outono que eu tinha vindo procurar um verão. agora cheguei de novo, e é inverno. todas as coisas estão desfeitas de si mesmas, parece que com isso ganharam uma nova identidade, que é nula, porque é a liberdade de só ser.

leio na loja de ferramentas

COPIAMOS CHAVES
INCLUSIVE
PARA AUTOMÓVEIS

percebe? tanta coisa por todo lado e as chaves-de-fenda que não abrem o mundo. pra mim, meu mundo. veio desse lugar, dessas cópias de chaves. e agora que eu não te daria mais a fórmula mágica que pudesse abrir-te? estás do meu lado.

no chão do miradouro de portas do sol picharam

NOSSA RIQUEZA  ESTÁ NAS NOSSAS HISTÓRIAS
NÃO NOS NOSSOS BOLSOS

lida no meio do meu dia tentando explicar porque a história é tão importante no pensamento do roland barthes - e após um domingo onde mais de 50% dos portugueses não foram votar, teve assim, digo: impacto de silêncio e a vontade de escrever embaixo TAMBÉM RESISTIREI AO TEU LADO

não encontro mais aquele lugar

e o corretor do word me disse hoje duas vezes, em citações do rolandzinho: "verifique se na sentença não há problemas de gramática". mal sabe o quanto acertam, esses gajos das aplicações.

imagine então chegar no brasil daqui uma semana. acho que vai ser assim: uau.

depois vai ter também

UAU UAU UAU UAAAAAAAAU

e em frente a Sé de Lisboa me pergunto se as placas no português do Brasil vão me soar estranhas se eu já me acostumei com a (precária) publicidade portuguesa.

subo a rua meu joelho dói. penso que essa foi a bota desse inverno, como o tênis com pêlo o do inverno passado. e o coração continua. lindo isso:


As pestanas a arder. No peito lágrimas contidas,
Sem medo sinto que será, que será tempestade,
Depressa, há algo a esquecer - alguém estranho me instiga.
Mas eu estou morto por viver - o ar tão abafado.

Soerguendo-se do catre ao primeiro som do dia,
Olhando à volta absurdo, estremunhado, sonolento,
Assim recomeça o forçado uma canção bravia
Ao romper da aurora no prisional acampamento.

Março de 1931, Ossip Mandelstam.

domingo, 23 de janeiro de 2011

qualquer maneira de amor valerá



estou muito encantada no meu canto - - flechada de uma cor - -  deu-me um coração - - em que já não há centro: - - ou a hora em que o infinito distúrbio das coisas converge em ritmo.

salivo ainda por cima de mim    - - - na busca de um qualquer que não seja, eu.
aquilo que mesmo interessa não é ao que eu vim, nem d'eles. - é aquilo que se entrelaça.

me vale cantar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

desconfiarei do dia em que começo a ler Proust

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

três instantes

estou saindo de algum lugar e descendo uma grande rua em são paulo, perto da av. pompéia um menino lindo de cabelos compridos me chama pra olhar pra trás. quando chega bem perto de mim ele me diz que o meu cabelo é lindo e começa arrancar uns fios e guardar pra ele. numa surpresa, como se ficassemos apaixonados, há muita luz, muito sol. eu preciso de algum tempo, viro pra ladeira que descia e vou embora sozinha. 

estou no topo de uma casa de madeira, que fica como se no alto de uma árvore, é a casa do meu irmão e também é a casa do eduardo. há muitas pessoas na casa. conto pra carol que conheci o menino. ela me adverte de algo sutil. a casa parece que está tombando pra um dos lados, temos que balanceá-la com as pessoas indo pra um lado ou pra outro. mas ninguém faz nada. 

estou depois na cozinha da casa em que cresci, com outros amigos. o menino está na lavandeiria. indignado, mas parece que não me reconhece. quando ele vira o rosto pra mim está todo inchado, tomou muita porrada nos olhos, coberto por hematomas.

sábado, 8 de janeiro de 2011

um sonho recortado, que não lembro inteiro. mas num saguão de hotel enorme, com escadarias cor de vinho, enormes e antigas, e quintuplicadas que não iam pra lugar algum e levavam a todos os lugares, como um escher, e nas laterais elevadores de vidro que faziam do espaço a minha certeza de que era um aeroporto, eu e meu pai. nos perdíamos um do outro, eu andava pelos corredores, não sei mais.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

a nuvem das mil e duas coisas

a vida que é metade faxina, metade regresso do pó, por aqui tô melhor, mas ainda não sei que ser é esse em mim que transforma tudo em catarro. (mas deve ter alguma coisa haver com o ser que traz de volta o pó).

ai como que é difícil o inverno. se bem que notei umas coisas boas hoje, além de ter limpado os vidros e lido o texto que precisava ler pra faculdade. é que fiquei angustiada e fui ler álvaro de campos, ouvi mercedes sosa e comecei a escrever.

envio menos e-mails do que em muito tempo, talvez do que sempre. não quero muito contar, quero deixar as coisas quietinhas, crescer por dentro delas. talvez eu já esteja em auto-contato, imersa. tem dias que eu percebo que passei o dia inteiro sem entender nada porque é como se eu estivesse na nuvem das mil e duas coisas.
a famosa nuvem das mil e duas coisas tem passado em imagens. acho que IMAGINÁRIO é das palavras mais bonitas que eu conheço, porque lembra aquário, mas tem outra dissolução. a nuvem das mil e duas coisas.
o que é constante é que são incontroláveis as nuvens e não se trata de fabulação. fabulação é deitar ou parar e encontrar um ritmo, um eixo, uma vontade de produzir um efeito no peito. mas o que eu estou falando é da produção de mil efeitos invisíveis que não se percebem separadamente mas estão  enquanto estou lá: na louça, na precaução ao atravessar a rua, na respiração ofegante de cerimônias e sucessos. e estão num lugar só meu.
sei que eu passava horas em fabulações, sobretudo nas salas de aula na escola. o importante era não perder o fio narrativo e que tivesse tudo uma seqüência lógica sutil de tão óbvia e continuada. a nuvem das mil e duas coisas, não, é menos que fragmento, gotícula, é orvalho. memória de orvalho.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ensopadinho com chuchu

como mamão, que há anos não comia e o gosto que não era dos melhores, gosto de transporte - - mesmo assim mamão que delícia. o natal já passou, o ano-novo também, estou mais calma que no fim do ano, agora até tenho um armário.

mamãe me manda um email agora com o assunto "sampa" - quem usa essa palavra feiosa? - mamãe, pelo visto. no email nenhuma palavra, mas a imagem


 


nada haver com o trópico que eu tava sabendo no fruto, embora deva estar cheirando mal como só o podre tropical capaz de feder, é. e isso é só uma questão climática. (tenho achado que ainda vão achar que eu falo coisas fatalmente preconceituosas). adoro mamão.

4 euros o quilo no quintal lá de casa a gente ficava rico fazendo animação de coquinho







tinham uns 15 coqueiros desses no jardim. um deles meu pai plantou na semana em que eu nasci. alto de muitos metros ele ficou. os coquinhos caíam no chão, eu às vezes roía, mas em geral os cachorros eram melhores nisso. a impressão de que a maioria era desperdiçada era a abundância, rolavam intactos no chão, até serem varridos ou apodrecerem de vez.


e apareciam esquilos, às vezes. que nos lembrava um trópico não completo. embora as revoadas de papagaios, todos os dias, perto da hora do pôr-do-sol. e as andorinhas que faziam ninho na chaminé. uma vez acendemos fora de época o fogo e um filhote de bebê andorinha caiu em cima. não foi trágico, a fatalidade não é atônita só. acho que me ensinaram que as coisas acontecem.
haja coqueiro pra tanto envergar.

domingo, 2 de janeiro de 2011

primeiro post de um novo ano. eu queria fazer uma declaração de amor no lugar dele, mas - tem coisas que a gente não sabe começar.

03h30 da manhã, Lisboa. eu gripada. dormir é que era um grande abraço.

acho que tenho medo de dormir desde criança porque na hora que me entrego ao colchão me defronto com o medo que senti o dia inteiro e fingi que não era comigo.
 

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